Sustentabilidade agrega valor?
Você pagaria mais por uma casa eficiente energeticamente? Ou por uma que fosse inteligente hidricamente? Ao entrevistar seus leitores, o site The Age, da Austrália, conclui que 62% querem que suas casas sejam mais ecologicamente corretas. Mas será que as pessoas estão simplesmente dizendo isto, ou realmente estão buscando isto e pensando nas questões financeiras? Para saber, o site perguntou aos leitores se a classificação ecológica seria um fator preponderante na decisão de compra: 27% dos participantes da enquete disseram "Sim, absolutamente. Eu só compraria uma casa se fosse projetada para ter o mínimo impacto ambiental". Outros 35% escolheram a opção "Sim, seria ideal se a casa tivesse alguma característica eficiente energeticamente instalada, como painéis solares e aquecedor de água, porque realmente podem gerar economias na fatura de energia elétrica e ajudam o meio ambiente". Por outro lado, 25% escolheram a alternativa "Não, se forem considerados outros fatores. Uma boa classificação ambiental é legal, mas sempre vou priorizar preço e local". Paralelamente, 12% dos participantes da enquete optaram pela resposta "Não mesmo. Já é muito difícil achar a casa certa sem considerar a classificação ambiental do imóvel". A opinião dos leitores leva à conclusão de que o aumento do custo imobiliário em muitas partes da Austrália e o forte conservadorismo podem estar conduzindo as pessoas a se contentarem com um imóvel acessível financeiramente. Basta lembrar dos votos que o Partido Verde recebeu nas últimas eleições para ver que a preocupação com o meio ambiente existe, e talvez esteja chegando à escolha da habitação.
A questão da classificação energética é muito pertinente, porque existe um movimento em prol da obrigatoriedade dela na Austrália para casas que estejam à venda ou para aluguel. A regra já vale para os espaços comerciais. A página 6 do documento do Governo Australiano afirma a intenção de "tornar obrigatória a liberação de informações sobre o consumo de energia de construções residenciais, sobre o desempenho hídrico e as emissões de gases do efeito estufa quando o imóvel for à venda ou aluguel, começando com a classificação de eficiência energética a partir de maio de 2011". Se você olhar as casas que estão à venda, verá que todas tem uma classificação energética de 0 a 10, desde 1999. A classificação sem estrelas mostra que a eficiência energética da construção é precária e que a estrutura do imóvel quase não reduz o desconforto dos climas quente e frio. A classificação 5 estrelas indica que a eficiência é boa, mas não é excelente. Já as pessoas que moram em uma casa 10 estrelas provavelmente não precisarão de qualquer sistema de climatização.
Mas as pessoas pagarão por casas mais eficientes? Um interessante estudo do governo, "Classificação de Eficiência Energética e Preço do Imóvel", concluiu que se houver duas casas idênticas no mercado, exceto por sua classificação energética, o imóvel com maior eficiência energética valerá mais. O estudo se baseou em dados de 2005 e 2006, e foi feito em vários modelos. Um deles concluiu que "se o desempenho energético de uma casa aumentar uma estrela na classificação, em média, seu valor de mercado aumentará cerca de 3% (2,5% em 2005 e 3,8% em 2006). Se um proprietário de imóveis instalar isolamento no teto a um custo aproximado de 1,2 mil dólares, a casa aumentará, em média, seu desempenho energética em, pelo menos, uma estrela. Isto significa que uma casa vendida em 2005 por 365 mil dólares poderia valer mais 8.979 com o aumento de apenas uma estrela em sua classificação energética".
Fonte: http://theage.domain.com.au/blogs/talking-property/will-going-green-add-value/20100913-157pc.html
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Muito interessante! Acredito que a tendência seja essa mesma, também aqui no Brasil. Em um futuro bem próximo valorizaremos mais as residências e condomínios sustentáveis do que construções tradicionais, mesmo com custo um pouco maior. Uma prova disso é o selo Procel Edifica, que certifica - por enquanto - edifícios comerciais. Mas a partir da implementação em uso residencial e posteriormente sua obrigatoriedade, na hora de comprar pensaremos duas vezes sobre qual escolher, e certamente a escolha cairá sobre a que for mais eficiente energeticamente, pois além de proteger o meio ambiente teremos a economia que uma construção ecológica oferece (aquecimento de água, uso de energia e meios de conforto térmico natural). Mais do que nunca, construir verde também é sinônimo de maior retorno financeiro numa futura venda.
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